A filosofia sempre esteve ligada ao momento em que os que homens e mulheres começaram a fazer perguntas sobre a sua existência. Ela nasceu como uma atividade de esclarecimento e de autonomia de pensamento, pensar por si, conhecer a verdade do mundo, exercitar a linguagem autêntica para afirmar aliança de tolerâncias e proposições de reconhecimento de igualdades.
Temos também a filosofia que se aprende nas escolas, que faz parte do currículo escolar. Aí já traz consigo um pressuposto de se reconhecer como um conhecimento que envolve a história da cultura, o que pensaram os filósofos em determinados contextos e em que sentido tais ensinamentos podem nos auxiliar a pensar a vida de hoje, através do debate sobre a ética, a moral os valores.
Pensar filosoficamente é a grande intenção desse jeito de conhecer e saber, fazer com que a busca das verdades de cada situação nos auxilie a melhor entender o mundo, as pessoas, a realidade. A filosofia então tem sentido de nos fazer pensar com nossas próprias ideias, buscando a autonomia sem os deixar conduzir por outras pessoas, outros saberes, poderes; e nos dias de hoje, pelas agencias de avaliação e engodo coletivo, como a identidade dominante na mídia ou qualquer coisa que conduza o nosso pensamento.
É por isso que a filosofia nem sempre teve uma boa aceitação no país e entre algumas pessoas mais conservadoras. Seu compromisso em estimular o pensamento crítico e dar a oportunidade de que cada um tire suas próprias conclusões sobre as situações de sua vida, da política, da sociedade, sobre as outras pessoas, pode incomodar àqueles que não têm interesse em deixar o pensamento livre e crítico ganhar espaços em nossa sociedade.
César Nunes,
mestre, doutor e Livre-Docente em Filosofia e Educação,
Professor na UNICAMP, Campinas SP.